Sequência didática do texto “Meu primeiro beijo”- Antonio Barreto
*CONTEXTUALIZAÇÃO
*Leitura e análise dos quadros:
“O beijo” de August Klimt
“O beijo” de Romero Brito
*Reconhecimento do autor, seus diversos gêneros textuais e
características. Contexto de produção da crônica em questão.
1º Fazer um
questionamento a partir das imagens como:
O que a imagem
representa?
Há uma idade
certa para beijar?
2º Desenvolver
atividade com música, poema, filme e texto narrativo envolvendo o tema “beijo”,
trabalhando a intertextualidade.
Poema e conto de
Clarice Lispector “O primeiro beijo”
Os dois murmuravam, conversavam. Tontos!
Era o amor...
A brisa fresca entra
pelos cabelos longos finos, bate no rosto;
Apenas sentir, quieto,
sem pensar...
A sede começara, a
garganta seca;
Na boca ardente,
engulia-a lentamente...
Era morna, não tirava
a sede
Que lhe tomava o corpo
inteiro.
Sufocava, talvez
minutos, apenas,
Sua sede era de anos...
O instinto animal, a
curva...
Entre arbustos e de
olhos fechados, entreabriu os olhos
E colocou a boca,
colada, ferozmente no orifício:
Jorrava...
Desceu, escorrendo
pelo peito até a barriga,
A vida havia jorrado.
Olhou-a nua.
Estava de pé, sozinho,
coração batendo fundo...
A vida era outra, era
nova,
O encheu de susto e
também de orgulho;
Ele se tornara homem.
Clarice Lispector o primeiro Beijo
O PRIMEIRO BEIJO
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.
(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
- Sim, já beijei antes uma mulher.
- Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.
O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.
E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.
Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.
De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.
Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.
E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.
Ele a havia beijado.
Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...
Ele se tornara homem.
(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)
3º Filme: Meu primeiro amor.
4º Relato do filme.
5º Audição e leitura de músicas de estilos diferentes:
4º Relato do filme.
5º Audição e leitura de músicas de estilos diferentes:
Beijinho
doce -
Irmãs Galvão séc XIX
Já sei
namorar - Tribalhistas séc XX
6º Leitura em
grupos com pesquisas de palavras desconhecidas.
7º Leitura
compartilhada.
8º Estudo das
características do gênero crônica:
·
texto curto
·
poucas personagens
·
tom leve / tom de conversa
·
aborda temas do cotidiano
·
geralmente não apresenta desfecho surpreendente.
9º Atividades:
a) Destaque
as características físicas e psicológicas das personagens.
b) Observe
o foco narrativo. Como é chamado esse tipo de narrador?
c) Relacione
o apelido da personagem masculina “ Cultura inútil” a linguagem desta
personagem.
d) Destaque
as marcas de tempo com passagens do texto.
e) Relacione
o ditado popular “A primeira impressão é a que fica”. Isso se confirma no
texto?
f)
Comente o desfecho do texto “... e foi ficando nisso. Normal...”
10º Ficha de leitura:
Título :
|
Autor :
|
Tema do cotidiano :
|
Personagens :
|
Referência bibliográfica :
|
11º Conceituando os cinco elementos da narrativa:
- personagens
- espaço
- tempo
- foco narrativo
- foco narrativo
- enredo
12º Reconhecimento de sinais de
pontuação:
- ponto final
- exclamação
- interrogação
- aspas
- reticências
- dois pontos
- travessão
13º Selecionar alguns fragmentos
do texto para o estudo dos verbos (tempo e modo).
Produção escrita para 9° Ano.
Texto Narrativo
*A partir do tema “ Meu primeiro
amor”, produzir em grupo com ilustração um texto narrativo.
*Produção final: confecção de
livro que será doado á sala de leitura.
Produção escrita para 8° Ano Texto Prescritivo
Produção de um manual / receita
do beijo
Produto final: Montar um painel
ilustrativo para o Dia dos Namorados.
A pesquisa visa entender um pouco a forma de nosso jovem se relacionar
socialmente e pode dar pistas de como anda o relacionamento com a família. Não
gostaríamos de incentivar ou estimular uma sexualidade precoce, apenas achamos
que ela está presente e que talvez seja bom um trabalho conjunto com outras áreas
e com os pais desses jovens.